quarta-feira, 9 de outubro de 2013

COMPREENDES PORQUE A GRAÇA SE CHAMA SANTIFICANTE

(continuação de trechos  de  Matthias Joseph Scheeben :retiradas  do seu magnífico livro intitulado                                                          "As Maravilhas da Graça Divina")



    Compreendes agora, ó cristão, porque a graça se chama santificante? Não significa esta palavra tão somente que perdoa ela nossos pecados e nos dispõe para a observância dos mandamentos; indica mais ainda: faz ela da alma uma imagem  radiante da bondade e da santidade divinas. Significa, além disto, que a graça, diferentemente da natureza, é incompatível com o pecado grave; não podendo coexistir ambos em uma mesma alma (adv. Eunonium, I.III, n. 2). Quando cometes um pecado mortal, não destróis tua natureza, nem tuas faculdades, nem a força da tua razão, mas desaparecem, no instante mesmo, a graça, as faculdades e as virtudes sobrenaturais. Da natureza divina, não travam elas aliança com o pecado, à semelhança do próprio Deus. Quando a luz da glória houver substituído a graça, quando tua alma se tiver intimamente unido a Deus, não mais terá possibilidade de pecar; pela virtude de Deus que em ti habita, tornar-te-ás impecável como Deus.
 

        Quão pouco meditamos no dom magnífico, na dignidade que nos coube em partilha! Fala S. Ambrósio: "Se fôramos somente nós, os homens, os chamados a receber a Santidade do Espírito Santo, encontrar-nos-íamos, sem  dúvida, elevados acima dos mais belos anjos (De Spir, S.1. 1, c. 7). Indubitavelmente, os Serafins, ocupados em louvar ao Deus três vezes santo, nos admirariam com profundo respeito. E dizer que queremos nós pôr toda a nossa glória na impiedade!

       Por mais perverso que seja, não regateia o pecador,  no mais íntimo de seu coração, o reconhecimento e a admiração pela santidade que brilha em tantos membros da Igreja de Cristo, pois dir-se-ia que Deus mesmo vivo e trabalha neles. O que constitui a glória dos santos é terem eles colaborado fielmente com a graça que todos podemos adquirir, e tê-la trazido em toda a sua vida. O Apóstolo (2 Cor 1, I) chama santos a todos os cristãos que estão em graça: Foram santificados nas águas da regeneração pelo fogo do Espírito Santo, e de, certo modo, possuam a substância da santidade. Todos podemos e devemos, embora em graus diversos, tornar-nos, realmente santos; somos de alguma  sorte, irmãos e filhos de santos:  sim, filhos do Deus três vezes santo. Inqualificável falta a nossa, que com tanta frequência manchamos deliberadamente a veste de santidade recebida no batismo! Impiamente a estraçalhamos, lançamos por terra e a calcamos aos pés!

         Nossa própria natureza, embora não destruída, mas afetada pelo pecado, se revolta apesar de tudo contra ele: é que foi criada por Deus para exercer uma função que exclui a injúria ao criador. 

(continua...)

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