terça-feira, 24 de dezembro de 2013

"... A verdade nasceu da Virgem Maria"


Santo Agostinho explica com feliz concisão: “O que é a verdade? É o Filho de Deus. O que é a terra? A carne. Pergunta a ti mesmo, onde nasceu o Cristo, e descobre por que da terra germinou a Verdade... A verdade nasceu da Virgem Maria "(Sl 85 [84], 13).

E, em um discurso sobre o Natal, ele diz: "Com esta festa, que retorna a cada ano, nós celebramos, comemoramos, então, o dia em que foi cumprida a profecia: "Da terra germinará a Verdade e a Justiça se inclinará do Céu”.  A verdade que está no seio do Pai Eterno surgiu da terra, porque esteve, igualmente, no seio de humana mãe. A Verdade que governa o mundo inteiro, emergiu da terra, porque foi amparada pelas mãos de uma mulher...

“A verdade, que o céu não é capaz de conter, brotou da terra para ficar deitada numa manjedoura. E para quem tão sublime vantagem? E por que motivo e para quem Deus se fez tão humilde? Certamente, sem nenhum benefício para Ele, Deus, mas para oferecer grande vantagem àqueles que creem”. “Desperte, humanidade! Por sua causa Deus tornou-se homem! Desperte, você que dorme; renasça e Cristo o iluminará! Dir-lhe-ei, novamente: por sua causa Deus tornou-se homem. Se Ele não tivesse nascido, você permaneceria morto por toda a eternidade.” (Sermões, 185, 1)

SANTO AGOSTINHO

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Eis que envio o meu anjo

Assim fala o Senhor Deus: 1“Eis que envio o meu anjo, e ele há de preparar o caminho para mim; logo chegará ao seu templo o Domi­nador, que tentais encontrar, e o anjo da aliança, que desejais. Ei-lo que vem, diz o Senhor dos exércitos; 2e quem poderá fazer-lhe frente, no dia de sua chegada? E quem poderá resistir-lhe, quando ele aparecer? Ele é como o fogo da forja e como a barrela dos lavadeiros; 3e estará a postos, como para fazer derreter e purificar a prata: assim ele purificará os filhos de Levi e os refinará como ouro e como prata, e eles poderão assim fazer ofe­ren­das justas ao Senhor. 4Será então aceitável ao Senhor a oblação de Judá e de Jerusalém, como nos primeiros tempos e nos anos antigos. 23Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o dia do Senhor, dia grande e terrível; 24o coração dos pais há de voltar-se para os filhos, e o coração dos filhos para seus pais, para que eu não intervenha, ferindo de maldição a vossa terra”.

 Leitura da Profecia de Malaquias - 3, 1-4.23-24


sábado, 21 de dezembro de 2013


AVISOS PARA O EXERCÍCIO DA MEDITAÇÃO de SAO PEDRO  DE ALCANTARA


1.
Introdução




Tudo o que até aqui dissemos serviu para oferecer matéria de consideração para os que aprendem a meditar, o que é uma das principais partes deste tema. De fato, poucas pessoas possuem suficiente material para reflexão na meditação e, deste modo, por falta dele, não são poucos os que não conseguem dar-se a esta prática.
Agora, porém, resta declarar abreviadamente a maneira e a forma pelas quais pode-se meditar. E. mesmo que nesta matéria o principal Mestre seja o Espírito Santo, todavia a experiência nos mostrou que são necessários alguns avisos, porque o caminho para ir a Deus é árduo e necessita de guia, sem o que muitos andam muito tempo perdidos e desencaminhados.


2.
Primeiro Aviso




Seja, pois, este o primeiro aviso: que quando nos pomos a considerar algumas das coisas que já mencionamos como matéria de meditação em seus devidos tempos e exercícios, não devemos estar tão presos a estas matérias que consideremos como serviço mal feito deixarmos uma para tomarmos outra, quando nisto encontrarmos maior gosto ou maior proveito, porque, como a finalidade de tudo é a devoção, o que mais servir para este fim, será isto que se deve considerar como sendo o melhor. Porém isto não se deve fazer por motivos levianos, mas com vantagem conhecida. Sendo assim, se em alguma passagem de sua oração sentirmos maior gosto ou devoção do que em outro, detenhamo-nos nele por todo o espaço de tempo em que dure este afeto, mesmo que todo o tempo do recolhimento se gaste nisto. Porque, como o fim de tudo isto é a devoção, conforme já o explicamos, seria um erro buscar em outra parte, com esperança duvidosa, o que já temos como certo em nossas mãos.


3.
Segundo Aviso




Seja o segundo aviso que trabalhe o homem para desculpar neste exercício a demasiada especulação do entendimento, e procure deixar este negócio mais com afetos e sentimentos da vontade que com discursos e especulações do entendimento.
Porque sem dúvida não acertam este caminho aqueles que de tal maneira se põe na oração a meditar os Mistérios Divinos como se os estivessem estudando para pregar, o que seria mais derramar o espírito do que recolhê-lo e seria mais andar fora de si do que dentro de si. De onde nasce que, acabada a sua oração, ficam secos e sem suco de devoção, e tão fáceis e prontos para qualquer leviandade como o estavam antes. Porque a verdade é que tais pessoas de fato não oraram, mas falaram e estudaram, o que é coisa bem diversa da oração. Estes tais deveriam considerar que no exercício da oração mais nos aproximamos para escutar do que para falar. Para acertar, portanto, neste negócio, aproxime-se o homem com o coração de uma velhinha ignorante e humilde, e mais com a vontade disposta e aparelhada para sentir e afeiçoar-se às coisas de Deus do que com o entendimento esperto e atento para esquadrinhá-las, pois isto é próprio dos que estudam para saber, e não dos que oram e pensam em Deus para chorar.


4.
Terceiro Aviso




O aviso anterior nos ensina como devemos sossegar o entendimento e entregar todo este negócio à vontade; mas o presente põe também sua taxa e medida à própria vontade, para que não seja excessiva nem veemente em seu exercício, para o qual deve-se saber que a devoção que pretendemos alcanças não é coisa que se há de alcançar à força de braços, como alguns pensam, os quais, com demasiado afinco e tristezas forçadas e como que por encantamentos procuram alcançar lágrimas e compaixão quando pensam na Paixão do Salvador, porque isto costuma mais secar o coração e torná-lo mais inábil para a visitação do Senhor, conforme ensina Cassiano. E ademais estas coisas costumam causar dano à saúde corporal, e às vezes deixam a alma tão atemorizada com o sensabor que ali alcançou, que teme retomar outra vez ao exercício como a algo que experimentou ter-lhe dado muita pena. Contente-se, pois, o homem com fazer de boa vontade o que é de sua parte, que é encontrar-se presente ao que o Senhor padeceu, admirando com olhar simples e sossegado e com um coração terno e compassivo e aparelhado para qualquer sentimento que o Senhor lhe quiser conceder pelo que Ele padeceu, mais disposto para receber o efeito que sua misericórdia lhe conceder do que para expressá-lo à força de braços. E, feito isso, não se aflija pelo restante, quando não lhe for dado.


5.
Quarto Aviso




De tudo quanto foi dito podemos concluir qual é o modo da atenção que devemos ter na oração, porque aqui principalmente convém ter o coração não caído nem frouxo, mas vivo, atento e erguido para o alto. Mas assim como é necessário estar aqui com esta atenção regrada e moderada, para que não seja danosa à saúde nem impeça a devoção, porque há alguns que fatigam a cabeça com a demasiada força que empregam para estarem atentos ao que pensam, conforme já dissemos, assim também há outros que, para fugirem deste inconveniente, estão ali muito frouxos e remissos e muito fáceis de serem levados por todos os ventos. Para fugir destes extremos convém conduzir um meio termo que nem com a demasiada atenção fatiguemos a cabeça, nem com o muito descuido e frouxidão fiquemos vagando com o pensamento por onde ele bem entenda. De modo que, assim como costumamos dizer ao homem que caminha sobre uma besta maliciosa que mantenha as rédeas firmes, isto é, nem muito apertada nem muito frouxa, para que nem volte para trás, nem caminhe com perigo, assim devemos procurar que nossa atenção siga com moderação e não forçada, com cuidado mas não com fadiga e aflição.
Mas particularmente convém avisar que no princípio da meditação não fatiguemos a atenção com demasiada atenção, porque quando isto se faz, mais adiante costumam faltar as forças, como faltam ao caminhante quando no princípio da jornada se entrega a uma demasiada pressa para caminhar.


6.
Quinto Aviso




Mas entre todos estes avisos o principal é que não desanime aquele que ora, nem desista de seu exercício quando não sente imediatamente aquela suavidade da devoção que ele deseja. É necessário que com longanimidade e perseverança esperar a vinda do Senhor, porque à glória de Sua Majestade e à baixeza de nossa condição e à grandeza do negócio que tratamos pertence que estejamos muitas vezes esperando e aguardando às portas de seu palácio sagrado.
Pois quando desta maneira tenhas aguardado um pouco de tempo, se o Senhor vier, dá-lhe graças por sua vinda e, se te parecer que não vem, humilha-te diante dEle, e conhece que não mereces o que não te deram, e contenta-te com ter feito ali o sacrifício de ti mesmo e negado a tua própria vontade e crucificado o teu apetite e lutado com o demônio e contigo mesmo, e feito pelo menos o que era de tua parte. E se não adoraste o Senhor com a adoração sensível que desejavas, basta que o tenhas adorado em espírito e em verdade, como Ele quer ser adorado (Jo. 4, 23). E creia-me, com certeza, que este é o caso mais perigoso desta navegação e o lugar onde se provam os verdadeiros devotos, e que se dele te saires bem, em tudo o demais seguirás prosperamente.
Finalmente, se mesmo assim te perecesse que fosse tempo perdido perseverar na oração e fatigar a cabeça sem proveito, neste caso não teria por inconveniente que, depois de ter feito o que está em ti, tomasses algum livro devoto e trocasses então a oração pela lição, contanto que a leitura não fosse corrida nem apressada mas pausada e com muito sentimento quanto ao que estivesses lendo, misturando muitas vezes em seus lugares a oração com a leitura, o qual é coisa muito proveitosa e muito fácil de fazer para todo gênero de pessoas, mesmo que sejam muito rudes e principalmente neste caminho.


7.
Sexto Aviso




Não é documento diverso do anterior, nem menos necessário avisar que o servo de Deus não se contente com qualquer gostozinho que encontre em sua oração (como fazem alguns que derramando uma lagrimazinha ou sentindo alguma ternura de coração, pensam que já cumpriram com o seu exercício). Isto não basta para o que aqui pretendemos. Porque assim como um pequeno filete de água não basta para que a terra frutifique, que não faz mais do que tirar a poeira e molhar a terra por fora, mas é necessária tanta água que desça até o íntimo da terra e a deixe encharcada de água para que possa frutificar, assim também aqui é necessária a abundância deste rio e desta água celestial para que possa dar fruto de boas obras. É por isto que com muita razão se aconselha que tomemos para este santo exercício o maior espaço de tempo que pudermos. E melhor seria um tempo longo do que dois tempos curtos, porque se o espaço é breve, todo ele será gasto em sossegar a imaginação e aquietar o coração, e depois de já quieto nos levantaremos do exercício quando o teríamos de começar.
E descendo a maiores detalhes no que diz respeito a delimitar este tempo, parece-me que tudo o que for menos de uma hora e meia ou duas horas é um tempo muito curto para a oração, porque muitas vezes se passa mais do que meia hora em moderar o caminho e acalmar a imaginação e todo o restante do tempo é necessário para gozar do fruto da oração. É verdade que quando este exercício é feito depois de alguns outros santos exercícios, como depois do ofício das matinas ou depois de ter assistido ou celebrado missa ou depois de alguma leitura devota ou oração vocal, o coração se encontra mais disposto para este negócio e, assim como ocorre com a lenha seca, mais rapidamente se acende este fogo celestial. Também o tempo da madrugada costuma ser mais curto porque é o mais aparelhado que existe de todos quantos há para este ofício. Mas o que for pobre de tempo por causa de suas muitas ocupações, não deixe de oferecer seu quinhãozinho com a pobre viúva do Templo (Lc. 21, 2), porque se isto não ocorre por sua negligência, Aquele que provê a todas as suas criaturas conforme a sua necessidade e natureza, prove-lo-á também segundo a sua.


8.
Sétimo Aviso





Conforme a este documento se dá outro semelhante a ele, e é que quando a alma for visitada na oração, ou fora dela, com alguma visita particular do Senhor, que não a deixe passar em vão, mas que se aproveite daquela ocasião que se lhe oferece, porque é certo que com este vento navegarão homem mais em uma hora que sem Ele durante muitos dias. Assim se diz que o fazia São Francisco, de quem escreve São Boaventura em sua vida que era tão especial o cuidado que tinha nisto que se ao andar pelo caminho nosso Senhor o visitava com algum favor especial, fazia ir adiante todos os companheiros e permanecia quieto até acabar de ruminar e digerir aquele bocado que lhe vinha do céu. Os que assim não o fazem costumam comumente ser castigados com esta pena, a de que não encontram a Deus quando o buscarem, porque quando Ele os buscava não os encontrou.

9.
Oitavo Aviso




O último e mais principal aviso seja que procuremos neste santo exercício juntar em uma só coisa a meditação com a contemplação, fazendo da primeira a escada para subir até a segunda, para o que deve-se saber que o ofício da meditação consiste em considerar com estudo e atenção as coisas divinas discorrendo de umas para as outras para mover nosso coração a algum efeito e sentimento das mesmas, que é como quem fere uma pedra para arrancar dela alguma centelha. Mas a contemplação consiste em já ter arrancado esta centelha, quero dizer, já ter encontrado este efeito e sentimento que se buscava, e estar em repouso e silêncio em seu gozo, não com muitos discursos e especulações do entendimento, e sim com uma simples vista da verdade, por causa do que diz um santo doutor que a meditação discursa com trabalho e com fruto, mas a contemplação o faz sem trabalho e com fruto; a primeira busca, enquanto que a segunda encontra; a primeira rumina a comida, enquanto que a segunda a degusta; a primeira discorre e tece considerações, enquanto que a segunda se contenta com uma simples vista das coisas, porque já possui o amor e o gosto das mesmas; finalmente, a primeiro é como um meio, enquanto que a segundo é como um fim; a primeira é como caminho e movimento, enquanto que a segunda é como o término deste caminho e movimento.
Daqui se conclui uma coisa muito comum, que é ensinada por todos os mestres da vida espiritual, ainda que pouco entendida por parte dos que a lêem, a saber, que assim como ao se alcançar um fim cessam os meios, assim como chegando ao porto cessa a navegação, assim também quando o homem, mediante o trabalho da meditação, chegar ao repouso e ao gosto da contemplação, deve então cessar daquela piedosa e trabalhosa investigação. E contente com uma simples vista e memória de Deus, como se o tivesse presente, tomar posse daquele afeto que se lhe é dado, seja ora de amor, ora de admiração ou de alegria ou coisa semelhante. A razão pela qual isto se aconselha está em que, como o fim de todo este negócio consiste mais no amor e nos afetos da vontade do que na especulação do entendimento, quando a vontade já está presa e tomada deste afeto, devemos dispensar todos os discursos e especulações do entendimento, na medida em que nos seja possível, para que nossa alma com todas as suas forças se empregue nisto sem derramar-se pelos atos de outra potência. E por isso aconselha um doutor que assim que o homem sentir-se inflamado do amor de Deus, deve logo deixar todos estes discursos e pensamentos, por mais altos que possam parecer, não porque sejam maus, mas porque neste caso se tornam impedimentos de outro bem maior, o que não é outra coisa mais do que cessar o movimento quando se chega ao seu término e deixar a meditação por amor da contemplação. Pode-se assinalar que isto pode ser feito no fim de todo o exercício, depois de se pedir o amor de Deus, de que antes já havíamos tratado, pelos seguintes dois motivos. Primeiro, porque pressupõe-se que neste momento o trabalho já feito no exercício terá dado à luz a algum efeito e sentimento de Deus, e, como diz o Sábio, mais vale o fim da oração do que o seu princípio (Eccles. 7,7). Segundo, porque depois do trabalho da meditação e da oração é razoável que o homem dê um pouco de folga ao entendimento e o deixe descansar nos braços da contemplação. Neste tempo, portanto, abandone o homem todas as imaginações que se lhe oferecerem, cale o entendimento, aquiete a memória e fixe-a em Nosso Senhor, considerando que está diante de sua presença e não especulando em particularidades das coisas divinas. Contente-se com o conhecimento que ele possui de Deus pela fé e aplique a sua vontade e amor, pois somente este o abraça e nele está o fruto de toda a meditação, pois o entendimento quase nada alcança do que se pode conhecer de Deus ao passo que a vontade pode amá-Lo muito. Encerre-se dentro de si mesmo no centro de sua alma onde está a imagem de Deus, e ali esteja atento a Ele, como quem escuta ao que fala a partir de alguma elevada torrem ou como quem o tivesse dentro de seu coração, e como se em toda a criação não houvesse mais nada senão somente ela ou somente ele. E mesmo de si mesma e do que faz deveria esquecer-se, porque, como dizia um daqueles Padres, a perfeita oração é aquela onde o que está orando não se recorda que está orando. E não somente no fim do exercício, como também no meio e em qualquer outra parte em que nos tomar este sonho espiritual, quando o entendimento está como que adormecido da vontade, devemos fazer esta pausa, gozar deste benefício e retornar ao nosso trabalho ao acabar de digerir e degustar aquele bocado. É assim que faz o jardineiro quando rega a sua terra a qual, depois de tê-la enchido de água, suspendo o jorro da corrente e deixa empapar e difundir-se pelas entranhas da terra seca o que esta recebeu e, uma vez feito isto, volta a soltar o jorro da fonte, para que receba mais e mais e fique melhor regada. Mas o que então a alma sente, o que goza da luz, da fartura, da caridade e da paz que recebe, não se pode explicar com palavras, pois aqui está a paz que excede todo o sentido e a felicidade que nesta vida se pode alcançar.
Há alguns tão tomados pelo amor de Deus que tão logo tenham começado a pensar nEle a memória de seu doce nome lhes derrete as entranhas. Estes têm tão pouca necessidade de discursos e considerações para amá-Lo como a mãe ou a esposa para regalar-se com a memória de seu filho ou esposo quando lhe falam dele. Há outros também que não somente no exercício da oração, como também fora dele, andam tão abosortos e tão empapados de Deus, que de todas as coisas e de si mesmos se esquecem por causa dEle pois, se isto o pode muitas vezes o amor furioso de um perdido, quanto mais não o poderá o amor daquela infinita beleza, se não é menos poderosa a graça do que a natureza e do que a culpa? Pois quando a alma o sentir, em qualquer parte da oração em que o sinta, de nenhuma maneira o deve menosprezar, mesmo que todo o tempo do exercício se gastar nisso, sem rezar ou meditar nas outras coisas que lhe estavam determinadas, a não ser que estas lhes fossem obrigatórias, porque assim como diz Santo Agostinho que deve-se deixar a oração vocal quando esta em alguma circunstância fosse impedimento da devoção, assim também deve-se deixar a meditação quando fosse impedimento da contemplação.
De onde que também deve-se muito notar que assim como nos convém deixar a meditação pelo afeto para subir do menos ao mais, assim também, pelo contrário, às vezes convirá deixar o afeto pela meditação, quando o afeto fosse tão veemente que se temesse perigo para a saúde perseverando nela, como muitas vezes acontece aos que, sem este aviso, se entregam a estes exercícios e os tomam sem discrição, atraídos pela força da divina suavidade. E em um caso como este, diz um doutor, é bom remédio entregar-se a algum afeto de compaixão, meditando um pouco na Paixão de Cristo, ou nos pecados e nas misérias do mundo, para aliviar e desafogar o coração.
***

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013


«Ela dará à luz um filho, ao qual darás o nome de Jesus»

O nome de Jesus é um nome divino que o Senhor deu a conhecer a Maria pela voz do arcanjo Gabriel: «Ao qual darás o nome de Jesus» (Lc 1,31). Nome que está «acima de todo o nome», «o único nome pelo qual seremos salvos» (Fil 2,9; Act 4,12). Esse nome grande é comparado pelo Espírito Santo ao óleo: «A tua fama é odor que se difunde» (Ct 1,3). Porquê? Porque, explica São Bernardo, tal como o óleo pode ser luz, alimento e remédio, assim o nome de Jesus é luz para o nosso espírito, alimento para o nosso coração, remédio para a nossa alma.

Luz para o nosso espírito: foi o brilho desse nome que fez o mundo passar das trevas da idolatria para a claridade da fé. Nascemos numa terra cujos habitantes, antes da vinda do Salvador, eram todos pagãos; nós também o seríamos, se Ele não tivesse vindo iluminar-nos. Por isso, temos muito a agradecer a Jesus Cristo pelo dom da fé! […]

Alimento para o nosso coração: tal é, mais uma vez, o nome de Jesus. Ele lembra-nos, com efeito, toda a obra dolorosa que Jesus realizou para nos salvar; é assim que Ele nos consola nas tribulações, nos dá força para caminhar na via da salvação, reanima a nossa esperança e nos inflama no amor de Deus.

Por fim, é remédio para a nossa alma: o nome de Jesus torna-a forte contra as tentações e os ataques dos nossos inimigos. Que acontece quando as potências infernais ouvem a invocação desse santo nome? Tremem e põe-se em fuga; assim fala o apóstolo Paulo: «Para que, ao nome de Jesus, se dobrem todos os joelhos, os dos seres que estão no céu, na terra e debaixo da terra» (Fil 2,10). O que é tentado não cairá se invocar Jesus: quem O invocar, perseverará e será salvo (cf Sl 17,4).


Santo Afonso-Maria de Ligório (1696-1787)
Bispo, Doutor da Igreja
Meditações para a oitava de Natal, nº 8


terça-feira, 17 de dezembro de 2013


É impossível, sem dúvida, que a mente não seja perturbada por pensamentos. Mas a quem se empenha, é possível os acolher ou rejeitar. Se, de um lado, o seu nascimento não depende inteiramente de nós, já a sua aprovação e acolhida está em nossas mãos.

E se dizemos ser impossível à mente não ser assaltada por pensamentos, nem por isso se deve tudo atribuir às suas investidas ou aos espíritos malignos que nos tentam sugeri-los. Se assim não fosse, nem sobraria ao homem o livre arbítrio, nem nos restaria o empenho da nossa própria correção.

Eu digo, ao contrário, que depende de nós, em grande parte, melhorar a qualidade dos nossos pensamentos, e influir na sua formação em nossos corações, se santos e espirituais ou carnais e terrenos.

É a este fim, portanto, que se prendem a leitura freqüente e a constante meditação das Escrituras: proporcionar a memória das coisas espirituais.

Este o motivo do canto repetido dos Salmos: alimentarmos a continua compunção, e afinarmos de tal modo a mente, que ela perca o sabor das coisas terrenas e possa contemplar as celestes. Se, voltando atrás, e levados por uma sorrateira negligência, cessarmos tais exercícios, é inevitável que a mente obscurecida pela impureza dos vícios se incline logo para o lado da carne e aí se precipite.

Este exercício do coração bem se pode comparar à mó que as águas dum canal, tombando, fazem rodar com rapidez. Sempre a dar voltas ao impulso das águas, ela não pode, de nenhum modo, cessar o seu trabalho. Entretanto, está no poder daquele que se acha à testa do moinho, escolher o que vai moer, se o trigo, a cevada ou o joio. O que é fora de dúvida, é que só mói aquilo que o responsável tiver fornecido.

Ora, o mesmo acontece com a alma. Posta em movimento pelas torrentes de tentações que a investem de todos os lados através dos choques da vida presente, ela não poderá ficar vazia da maré dos pensamentos. A seu zelo e diligência cabe ver quais deve admitir ou procurar.

Se, pois, como dissemos, recorremos à meditação assídua da Escrituras e levantamos a nossa memória à lembranças das coisas espirituais, ao desejo da perfeição e à esperança da futura bem aventurança, é inevitável que os pensamentos daí nascidos sejam espirituais e farão que nossa mente se detenha naquilo que meditamos.

Se, pelo contrário, vencidos pela preguiça ou pela negligência, nos deixamos invadir pelos vícios e conversas ociosas, ou nos embaraçamos com cuidados mundanos e preocupações supérfluas, a espécie de cizânia que daí nasce sobrecarregará o nosso coração com um trabalho nocivo. E segundo a sentença do nosso Salvador, onde estiver o tesouro das nossas obras e de nossa intenção, lá permanecerá necessariamente o nosso coração (Mt. 6, 21).

-- Da Primeira Conferência dos Padres do Deserto, São João Cassiano, monge (século V)
Fonte: Tesouros da igreja Católica

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Exercícios para o advento da vinda do senhor

Exercícios para o advento da vinda do senhor
(de Santa Gertrudes de Helfta - 1256-1301)

«Tomai ânimo, não temais! Eis o vosso Deus, [que] vem em pessoa
retribuir-vos e salvar-vos» (Is 35,4)
Voz da alma que se oferece a Deus: «Sou uma órfã sem mãe, sou indigente e pobre. Sem Jesus, não tenho nenhuma consolação; só Ele pode satisfazer a sede da minha alma. Ele é o amigo preferido e único do meu coração, “o Rei dos reis e Senhor dos senhores” (Ap 19,16). […] O meu corpo e a minha alma estão na sua mão; que Ele faça de mim tudo o que agradar à sua bondade. Quem me concederá tornar-me um ser segundo o seu coração, para que Ele encontre em mim o que desejar, segundo a excelência do seu gosto? Só isso poderá alegrar-me e consolar-me.

«Por favor, Jesus, único amor do meu coração […], amado acima de tudo o que alguma vez foi amado: o desejo do meu coração enlanguesce e suspira por Ti, Tu, que és um dia de Primavera cheio de vida e de flores. Faz chegar esse dia em que eu esteja tão estreitamente unida a Ti que Tu, Sol Verdadeiro, faças nascer as flores e os frutos do meu progresso espiritual. “Espero-te com grande impaciência” (Sl 39,2). […] Por favor, amigo, meu amigo, faz com que se realize o teu desejo e o meu.»

Voz de Cristo: «No meu Espírito Santo, tomar-te-ei como esposa; ligar-te-ei a Mim com uma união inseparável. Sentar-te-ás à minha mesa e encher-te-ei com a ternura do meu amor. Vestir-te-ei com o nobre manto púrpura do meu precioso sangue; coroar-te-ei com o ouro puro da minha morte. Eu próprio satisfarei o teu desejo e assim tornar-te-ei feliz para toda a eternidade.»

Fonte: UM MINUTO COM MARIA

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

A ORAÇÃO PURA

Os Santos Pais dizem que no tempo da oração devemos ter o coração livre das formas, figuras, cores, e absolutamente não disposto a acolher qualquer coisa, quer se trate de uma luz, de fogo, ou qualquer outra coisa; pelo contrário, devemos prender o pensamento somente nas palavras que dizemos. Por isso, quem reza somente com a boca, reza ao vento e não reza a Deus; Deus está atento ao coração e não às palavras, como os homens. Foi dito: “É necessário adorar a Deus em espírito e verdade” (cf. Jo 4,24), e: Prefiro dizer cinco palavras com a minha mente do que milhares com a língua (1Cor 14,19).
Pedro Damasceno,Livro I, vol. III, p. 11)

segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

HORA DA GRAÇA UNIVERSAL




Hora da Graça Universal
                 NO DIA 8 DE DEZEMBRO
Nossa Senhora pediu a Pierina que todos os anos no dia 8 de Dezembro ao meio-dia fosse celebrada a Hora da Graça Universal. “Esta Hora da Graça vai produzir grandes e numerosas conversões. Corações frios e duros como mármores serão tocados pela Graça Divina e se tornarão fiéis ao amor do Senhor.” Disse Nossa Senhora à Pierina no dia 22 de Novembro de 1947.  


A SÉTIMA APARIÇÃO EM MONTICHIERI – ITALIA (08/12/1947)
                        Aqui em Montichiari quero ser chamada “ROSA MÍSTICA”. Nesta festa mariana por excelência, escolhida para a aparição, milhares de pessoas vieram de todas as partes; Pierina Gilli conseguiu entrar com dificuldade e dirigir-se ao lugar central onde se deram as aparições anteriores, e começou a rezar o Rosário. De repente Pierina exclamou: “Oh! A Senhora”! Contemplou a Mãe de Deus na parte superior de uma escada branca que chegava à terra ladeada de rosas brancas, vermelhas e amarelas. À Virgem, sorrindo, disse: Eu sou a Imaculada Conceição, sou a Mãe da graça, Mãe do Divino Filho, Jesus Cristo. Quero que, ao meio dia de cada 08 de Dezembro, seja celebrada a hora de ação de graças para todo o mundo; mediante esta devoção se alcançarão graças para a alma e para o corpo. Nosso Senhor, meu Divino Filho, concederá sua misericórdia, contando que os bons não deixam de orar pelos irmãos pecadores; é preciso informar rapidamente ao Supremo pastor da Igreja Católica, o Papa Pio XII, o meu desejo de que esta hora de graça seja conhecida e estendida por todo o mundo. Quem não puder ir a Igreja, que reze em sua casa ao meio-dia e obterá as minhas graças, e se alguém vier orar com lágrimas de arrependimento sobre estas lajes encontrará uma escada certa para ir ao céu, junto com a proteção do meu coração materno.
                         “Vede este coração que ama tanto os homens enquanto a maioria deles o injúria”. Se todos, bons e maus, se reunirem em oração, obterão deste coração misericórdia e Paz. Os bons acabam de obter, pela minha intercessão, a misericórdia do Senhor, que teve um grande castigo.
                      “Tenho preparada uma abundância de graças para todos os filhos que escutam minha voz e guardam os meus desejos”.

                8 de Dezembro:
    A Hora da Graça Universal

  Conforme aparição de Nossa Senhora Rosa Mística em Fontanelle (Itália) para Pierina, foi revelado que, no dia 8 de dezembro, dia da Imaculada Conceição, ao meio dia (12:00 hs), será a hora da graça universal. Nossa Senhora irá interceder, de maneira muito especial, pelos nossos pedidos, feitos neste horário.
Imaculada de Maria, por todos os Vossos méritos, abri as portas do Vosso Coração e deixai espalhar pelo mundo todo, graças incontáveis, repletas de bênçãos espirituais e temporais. (fazer os pedidos)
Reza-se em seguida:
7 Ave-Maria em honra das 7 dores do Coração Imaculado.
3 Glórias ao Pai em honra da Santíssima Trindade intercaladas com: Rosa Mística, rogai por nós.
Como preparação para o evento do dia 08 de Dezembro, Nossa Senhora indicou o que deveria ser feito:

“Oração e Penitência. Rezem três vezes ao dia, todos os dias, o Salmo 50, “Miserere”, de braços abertos.” 

                  Salmo 50 – Miserere

Tende piedade de mim, ó Deus por teu amor!
Por tua compaixão, apaga a minha culpa.
Lava-me completamente da minha iniquidade,
purifica-me do meu pecado,
pois reconheço a minha culpa.
Meu pecado esta sempre diante de mim.
Pequei contra ti, pratiquei o que é mau aos teus olhos,
tu amas um coração sincero,
e no intimo me ensinas a sabedoria,
purifica-me  e  ficarei puro.
Lava-me e ficarei mais branco do que a neve.
Faz-me ouvir o júbilo e a alegria,
que se alegre os ossos que esmagastes.
Ó Deus, põem em mim um coração puro.
Coloque em meu peito um espírito decidido, firme.
Senhor,  não me rejeites para longe de tua face,
não retires de mim o teu Santo Espírito.
Livra-me do crime de sangue, ó Deus, meu Salvador,
e  a minha língua louvará altamente a tua justiça.
O meu sacrifício é um espírito contrito
O meu sacrifício é um coração contrito e esmagado
E isto não o desprezas!

No dia 8 de Dezembro de 1854, Pio IX definiu solenemente este dogma da Imaculada Conceição:
“Pela autoridade de Nosso Senhor Jesus Cristo, dos Apóstolos S. Pedro e S. Paulo… declaramos, proclamamos e definimos que a beatíssima Virgem Maria foi preservada e eximida de toda a mácula do pecado original no primeiro instante da sua conceição, por graça e especial privilégio de Deus e em vista dos merecimentos de Jesus Cristo, Salvador do género humano” (Denziger 1641)


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