sexta-feira, 17 de outubro de 2014

SANTO, SANTO, SANTO!

       

                                               SANTO, SANTO, SANTO!  

              Sois pobres, fracos, defeituosos? Invocai a santidade do Senhor: “Santo, 20.7 Santo,
Santo!”. Clamai por Ele, Santo bendito, sobre a vossa miséria. Ele virá e derramará sobre vós
a sua santidade. Sois santos e ricos de merecimentos aos Seus olhos? Invocai, do mesmo
modo, a santidade do Senhor. Essa santidade é infinita e fará crescer sempre mais a vossa. Os
anjos, seres que estão acima das fraquezas da humanidade, não cessam um instante de cantar
o seu “Sanctus”, e a beleza sobrenatural deles aumenta, cada vez que invocam a santidade de
nosso Deus. Imitai os anjos.
Não vos priveis nunca da proteção da oração, contra a qual ficam embotadas as armas de satanás, as
malícias do mundo, os apetites da carne e as soberbas da mente. Não deponhais nunca esta arma,
pela qual se abrem os céus, de onde chovem graças e bênçãos.
A terra está precisando de um banho de orações para limpar-se das culpas que atraem os castigos de
Deus. Mas, como são poucos os que rezam, esses poucos precisam rezar como se fossem muitos,
multiplicando as suas orações vivas, para fazerem delas o total necessário para se obter a graça
pedida. Orações vivas, são as temperadas com verdadeiro amor e com sacrifício.

terça-feira, 7 de outubro de 2014



Evangelho de Jesus Cristo segundo São Lucas

Naquele tempo, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, 27a uma virgem, prometida em casamento a um homem chamado José. Ele era descendente de Davi e o nome da Virgem era Maria. O anjo entrou onde ela estava e disse: "Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo!" 29Maria ficou perturbada com estas palavras e começou a pensar qual seria o significado da saudação. O anjo, então, disse-lhe: "Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi. Ele reinará para sempre sobre os descendentes de Jacó, e o seu reino não terá fim". Maria perguntou ao anjo: "Como acontecerá isso, se eu não conheço homem algum?" O anjo respondeu: "O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus. Também Isabel, tua parente, concebeu um filho na velhice. Este já é o sexto mês daquela que era considerada estéril, porque para Deus nada é impossível". Maria, então, disse: "Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!" E o anjo retirou-se.

quarta-feira, 23 de abril de 2014


«Fica connosco»

    Irmãos, quando é que o Senhor Se deu a conhecer? Quando partiu o pão. Fiquemos portanto tranquilos: quando partirmos o pão, reconheceremos o Senhor. Se Ele só quis ser reconhecido nesse instante, foi por nossa causa, foi para que não O víssemos na carne, comendo no entanto da sua carne. Portanto tu que crês nele, quem quer que sejas, tu que não tomas em vão o nome de cristão, tu que não entras numa igreja por acaso, tu que escutas a palavra de Deus no temor e na esperança, para ti o pão partido será uma consolação. A ausência do Senhor não é uma ausência verdadeira. Tem confiança, guarda a fé e Ele estará contigo, ainda que não O vejas.

Quando o Senhor os abordou, os discípulos não tinham fé. Não acreditavam na sua ressurreição; nem sequer esperavam que Ele pudesse ressuscitar. Tinham perdido a fé; tinham perdido a esperança. Eram mortos que caminhavam ao lado de um vivo; caminhavam mortos juntamente com a vida. A vida caminhava com eles mas, no coração destes homens, a vida ainda não se tinha renovado.

E tu? Desejas a vida? Imita os discípulos e reconhecerás o Senhor. Eles ofereceram a sua hospitalidade; o Senhor parecia estar decidido a seguir o seu caminho, mas eles detiveram-no. […] Retém, também tu, o estrangeiro, se queres reconhecer o teu Salvador. […] Aprende onde podes procurar o Senhor, onde podes possuí-Lo, onde podes reconhecê-Lo: partilhando o pão com ele.

 Santo Agostinho (354-430)
Bispo de Hipona (Norte de África), Doutor da Igreja
Sermão 235; PL 38, 1117

sábado, 5 de abril de 2014

Como evitar distrações na oração?

Santo Inácio de Loyola aconselha fazer o contrário do que a tentação sugere






Quem se propõe a orar é constantemente tentado a adiar, recortar, tornar rotina e – o pior de tudo – suprimir sua oração.
O diabo costuma sussurrar ao ouvido de quem quer orar: “Não, agora você tem muitas coisas para fazer, deixe isso para depois” (um depois que nunca chega). Ou se, por exemplo, a pessoa se propôs a orar meia hora, sente-se tentada a abandonar a oração depois de dez minutos, achando que já orou suficientemente, mais do que muitas outras pessoas.
Também surgem as distrações, a recordação do que se deixou pendente, ou se sente sono, a pessoa pode ser chamada, interrompida, o telefone pode tocar... Muitas coisas podem interromper a oração.
Cuidado: são tentações. Mas o que fazer nestes casos? Santo Inácio de Loyola aconselhava fazer o contrário do que a tentação sugere.
Por exemplo, se você decidiu orar meia hora, mas, depois de 15 minutos, já se vê tentado a terminar, proponha-se a orar não somente a meia hora, e sim 15 minuto a mais.
Ao agir assim, você conseguirá superar a tentação de recortar a oração e o tentador provavelmente não voltará a lhe apresentar este tipo de proposta.
Nunca se esqueça de que, em seu propósito de fazer oração, não basta enfrentar as circunstâncias do mundo e suas próprias emoções, mas também o demônio, que está muito interessado em fazer você deixar de orar, já que a oração traz muitos bons frutos.
São Pedro nos recorda: “Vosso adversário, o demônio, anda ao redor de vós como o leão que ruge, buscando a quem devorar” (1 Pedro 5, 8).
Diante da tentação, procure afiançar seu “sim” ao Senhor e dizer “não” àtentação.
Leve em consideração que, com a oração, acontece como com os alimentos: quando deixa de comer, a pessoa vai perdendo a fome, até morrer de inanição. Quando deixa a oração de lado, a pessoa vai perdendo a vontade de orar, até morrer espiritualmente.
Por isso, é importante superar esta tentação. Peça a Deus ajuda para orar e para lutar contra tudo o que atrapalha ou dificulta a sua oração.
Peça-lhe que o ajude a encontrar tempo; que lhe dê um coração bem disposto; que o livre do desânimo; enfim, que o ajude a defender seus momentos de encontro íntimo com Ele.
E confie em que Ele o ajudará!

“Bendito seja o Senhor, que ouviu a voz de minha súplica; 
nele confiou meu coração e fui socorrido.
O Senhor é a minha força e o meu escudo! 
Por isso meu coração exulta e o louvo com meu cântico.”

(Salmo 27, 6-7)
(Artigo publicado originalmente por Desde la Fe)

sábado, 29 de março de 2014

Quando uma mulher sabe amar

Conheça a história de Chiara e seu testemunho de amor e doação como mulher e mãe

Em uma época na qual se defende a ideia de que liberdade é poder fazer o que se quer; numa sociedade cada vez mais individualista e confusa diante dos reais valores da vida, surge um grande desafio aos cristãos: ser sinal de contradição para este mundo.

Neste contexto, o testemunho de Chiara Corbella deixa muitos impressionados. Chiara é, como se costuma dizer, da “geração João Paulo II”, uma mulher cheia de vida, alegre e jovem. Conheceu o seu marido, Enrico Petrillo, em Medugorje e, antes de se casarem, em 2008, fizeram um caminho de namoro acompanhados por frades da cidade de Assis.

Logo em sua primeira gravidez, ela teve uma surpresa ao fazer a ultrassonografia e descobrir que sua filha, Maria, foi diagnosticada com anencefalia. O casal decidiu seguir a gravidez até o fim, o que já foi uma surpresa para muitos. Trinta minutos depois de nascer, Maria veio a falecer.

O segundo filho do casal, Davide, ainda no início da gestação, foi diagnosticado com uma deficiência: ele não possuía as pernas e tinha má-formação visceral. Como na vez anterior, contra a expectativa de muitos, os pais decidiram prosseguir. Ambos os filhos, Maria e Davide, chegaram a nascer e, mesmo vivendo poucos minutos, foram acompanhados pelos pais até o último minuto.

Chiara engravidou novamente, desta vez era Francesco. Os exames mostravam que o menino era saudável, para a alegria do casal. Porém, no quinto mês de gravidez, Chiara descobriu uma lesão na língua e logo na primeira cirurgia os médicos diagnosticaram que se tratava de um câncer. Ela tinha duas opções: seguir com a gravidez ou interrompê-la por causa do tratamento do câncer. A escolha de Chiara foi pela vida de seu filho, ato este que colocou em risco sua própria vida. Foi somente após o parto que Chiara pôde dar início ao tratamento com quimioterapia e radioterapia, que ela enfrentou com muita serenidade e irresoluta confiança na Providência.

Diante de cada uma das suas lutas, Chiara sempre reagiu aceitando-as como provações que Deus lhe concedeu viver. Foi então que, no dia 13 de junho de 2012, Chiara não resistiu e veio a falecer. Hoje, o pai Enrico cuida do filho Francesco e testemunha, por onde passa, a alegria de ter lutado pela vida de seus filhos, e também a coragem e fé que sua esposa teve durante sua caminhada neste mundo.

A história de Chiara nos mostra que podemos nos opor à massiva ideologia que despreza vidas indefesas em ventres maternos por tantos e quaisquer motivos. A capacidade e coragem de dizer “sim” à vida, mesmo em momentos de tribulação, é intrínseca nos cristãos.
Clarissa Oliveira
Fonte: Aleteia - em busca da verdade

quinta-feira, 27 de março de 2014


VIII. Sinais da vinda da graça

Mas, Senhor, como descobrir quando realizas tudo isso, e qual é o sinal da tua vinda?

São, por acaso, os suspiros e as lágrimas os mensageiros e testemunhas da consolação e da alegria? Se assim é, estamos em presença duma nova antinomia e de uma significação inusitada.

Qual é, com efeito, a relação entre consolação e suspiros, alegria e lágrimas? Se é que se podem chamar lágrimas estas lágrimas, e não antes, abundância transbordante do orvalho interior derramado do céu, indício da purificação interior, limpeza do homem exterior.

No batismo de crianças, a purificação do homem interior é figurada e significada pela ablução exterior. Aqui, ao contrário, a purificação exterior procede da ablução interior.

Ó felizes lágrimas, pelas quais são lavadas as manchas interiores, e as labaredas do pecado se apagam! Bem-aventurados os que assim chorais, porque rireis (cf. Mt 5,5).

Nessas lágrimas reconhece, ó alma, o teu Esposo, abraça o Desejado, embriaga-te em torrente de delícias, suga do seio da consolação o leite e o mel. Estes são os maravilhosos presentinhos e consolos que teu Esposo te distribui e concede, isto é, tuas lágrimas e suspiros.

Ele te trouxe nessas lágrimas a poção sob medida, o pão de dia e de noite, aquele pão que confirma o coração do homem e é mais doce do que o favo de mel.

Ó Senhor Jesus, se são tão doces essas lágrimas que brotam da tua lembrança e do teu desejo, quão doce haverá de ser o gozo experimentado em tua visão manifesta!

Se é tão doce chorar por ti, quanto mais doce será gozar de ti?

Mas, por que exprimimos de público tais secretos colóquios? Por que me esforço por revelar em termos comuns essas inefáveis ternuras? Os que não as experimentaram, não as compreenderão. Eles as leriam mais claramente no livro da experiência, onde a unção divina ensina por si mesma (cf. l Jo 2,27).

De qualquer modo, porém, a letra exterior não aproveita ao leitor, pois a leitura da letra exterior é de pouco sabor, a não ser que uma explicação tire do coração o sentido interior.

IX. A graça se esconde

Ó minha alma, prolonguei por muito tempo este discurso. Pois era bom para nós estar ali, e contemplar com Pedro e João a glória do Esposo, e ficar largo tempo com ele, se ele quisesse fazer ali não duas, nem três tendas (cf. Mt 17,4), mas uma só em que estaríamos juntos, e juntos nos deleitássemos.

Mas eis que já diz o Esposo, Deixa-me partir, pois já sobe a aurora (Gn 32,26), já recebeste a luz da graça e a visita que desejavas.

Dada, pois, a bênção e mortificado o nervo da coxa, e mudado o nome de Jacó para Israel (cf. Gn 32,25-32), o Esposo longamente desejado se retira por um pouco de tempo, depressa escapa.

Ele se arreda, tanto em relação à visita de que falei, quanto à doçura da contemplação. Mas permanece sempre presente, quanto à direção, à graça, à união.

X. Como a ocultação da graça coopera para o nosso bem

Mas não temas, esposa, não desespere, não penses que és desprezada, se o Esposo te oculta por algum tempo a sua face. Tudo isso concorre ao teu bem (cf. Rm 8,28), e ganhas com a partida e com a vinda.

Ele veio para ti, e é também para ti que ele se afasta. Vem para a consolação, afasta-se por cautela, a fim de que a grandeza da consolação não te ensoberbeça, evitando que a presença contínua do Esposo, te leve a desprezar as companheiras e atribuas a consolação não à graça, mas à natureza.

Esta graça, o Esposo a concede quando quer e a quem ele quer, e não se possui como direito hereditário. É conhecido o provérbio que diz que a familiaridade excessiva gera o desprezo. Ele se afasta, pois, para não ser desprezado, se é demais assíduo, e para que, ausente, seja mais desejado, e desejado seja procurado com maior ardor, e longamente querido, seja, enfim, achado com maior alegria.

Além disso, se nunca faltasse essa consolação, que em relação à futura glória a revelar-se em nós (cf. Rm 8,18), é enigmática e parcial, talvez julgássemos que temos aqui cidadania permanente e procuraríamos menos a futura.

Assim, para não tomarmos o exílio por pátria, o penhor pelo pleno valor, é que o Esposo vem de tempo em tempo, ora trazendo consolação, ora a substituindo pelo leito de doente (cf. 8141,4).

Ele permite que saboreemos por um pouco de tempo a sua doçura, mas antes que ela seja plenamente sentida, ele se esvai. Assim, voejando sobre nós de asas abertas, ele nos provoca a voar (cf. Dt 32,11), como se dissesse: Experimentastes um pouco da minha suavidade e doçura, mas, se quereis saciar-vos plenamente, correi atrás de mim ao odor dos meus perfumes (cf. Ct 1,3), levantai os corações para o alto onde estou à direita do Pai. Aí me vereis, não mais em figura e em enigma, mas face a face, e então, o vosso coração gozará plenamente, e o vosso gozo ninguém vos tirará (Jo 16,22).

XI. Com que cuidado a alma se deve comportar depois da visita da graça

Mas, acautela-te, ó esposa. Quando o Esposo se ausenta, não vai para longe. Se não o vês, ele sempre te vê. Ele é cheio de olhos à frente e atrás (cf. Ez 1,18). Jamais podes fugir da sua vista. Tem junto de ti seus enviados, espíritos que são como que mensageiros muito sagazes, que vejam como te conduzes na ausência do Esposo, e te acusem diante dele se descobrirem em ti algum sinal de impureza e de leviandade.

Este Esposo é cheio de zelo. Se, acaso, acolheres um outro amante, ou te empenhas em agradar mais a um outro, ele logo se afasta de ti e se une a outras virgens fiéis.

É delicado esse Esposo, é nobre, é o mais belo dos filhos dos homens (Sl 45,3), e assim, não quer ter uma esposa senão perfeitamente bela. Se ele vir em ti uma mancha, ou uma ruga, logo desvia o seu olhar.

Ele não suporta nenhuma impureza. Sê, pois, casta, sê reservada e humilde, para merecer a visita freqüente do teu Esposo.

Temo que este discurso se tenha prolongado demais, mas a matéria abundante me obrigou a isto, assim como a sua doçura. Não prolonguei por minha espontânea vontade, foi o seu encanto que me arrastou sem sentir.

-- Carta de Dom Guigo II, cartuxo, prior da Grande Charteuse (século XII)
Fonte: Tesouros da Igreja Católica

segunda-feira, 24 de março de 2014

Confissões de um maçon

Atraído pelo ocultismo, Maurice Caillet se tornou maçon; profundamente ateu, viveu uma transformação inesperada e decisiva

Ser maçon facilitou minha ascensão profissional. No entanto, em 1983, tive grandes dificuldades profissionais. Ao mesmo tempo, a saúde da minha esposa Claude me preocupava cada vez mais. Ela apresentava problemas digestivos graves e muito dolorosos. Quase não comia. Nenhum tratamento, nem científico nem oculto, conseguia resolver seus males.
 
Eu propus a Claude que saísse da Grã-Bretanha e fosse passar uns dias em Font Romeu, levando em consideração os benefícios de uma mudança de clima. No início de fevereiro de 1984, eu a levei até lá, deitada no carro. Infelizmente, ela teve de permanecer de cama durante todo esse período.
 
Um choque cosmo-telúrico
 
Então, tive uma ideia muito estranha para um ateu. Eu lhe propus que, na viagem de volta, passássemos por Lourdes. Eu esperava que isso provocasse nela um choque psicológico salvador ou um choque cosmo-telúrico. Segundo minhas pesquisas em radiestesia e geobiologia, este lugar se encontrava situado em um cruzamento de correntes telúricas.
 
O choque foi imenso! Seu marido – médico, maçom e anticlerical – lhe sugeria ir a Lourdes! Cristã no segredo do seu coração, Claude começou a temer que um fracasso deste passo aumentasse meu ceticismo e ateísmo.
 
Em Lourdes, fomos à Gruta na qual os cristãos acreditam que Nossa Senhora apareceu a uma jovem pastora, Bernardette; depois, fomos às piscinas nas quais os doentes vindos em peregrinação se submergiam, acreditando que aquela água fosse milagrosa.
 
Confiando Claude aos especialistas do local, busquei refúgio em uma cripta. Estavam celebrando uma Missa. Escutei com atenção. Em um determinado momento, o padre se levantou e leu estas palavras: “Pedi e se vos dará. Buscai e achareis. Batei e vos será aberto”.
 
Esta frase, que eu tinha ouvido muitas vezes em ritos de iniciaçãomaçônicos, era uma palavra desse Jesus que eu considerava um sábio e um grande iniciado, mas não o Senhor! Seguiu-se um grande momento de silêncio e escutei claramente uma doce voz que me dizia: “Está bem, você pede a cura de Claude, mas o que você tem a oferecer?”.
 
Fascinado por estas palavras interiores, só voltei aos meus sentidos no momento em que o sacerdote elevou a Hóstia e no qual, pela primeira vez, reconheci Cristo neste humilde pedaço de pão: era a Luz que eu havia buscado, em vão, em inúmeras iniciações.
 
Em um instante e como resposta, só vi a mim mesmo como oferenda. Eu, oateu, anticlerical durante mais de 40 anos...
 
No final da Missa, segui o padre até a sacristia e pedi que ele me batizasse, sem suspeitar que era necessária toda uma preparação para receber este sacramento. Ele me explicou o procedimento e me encaminhou ao arcebispo de Rennes.
 
Minha nova vida
 
Motivado pela experiência que acabara de viver, fui encontrar Claude. Ela pôde constatar a nova alegria que emanava de mim. Na viagem de volta, minha curiosidade insaciável pela fé e pela vida cristã, pela maneira de rezar, bem como meu desejo de ser batizado, convenceram-na da veracidade da minha transformação.
 
Foram meus primeiros passos em minha nova vida. Cada vez mais atraído por esta Luz que eu havia visto em Lourdes, retirei pouco a pouco, com muita dificuldade, todo vínculo com o ocultismo e a maçonaria.
 
Começou para mim uma existência orientada ao amor a Deus e aos outros.
 
Com relação a Claude, ela recuperou a saúde inesperadamente.
 
(Artigo publicado originalmente em L’1visibile)


fontes: Il est vivant
             Aleteia - A busca da verdade

sábado, 22 de março de 2014

«Trazei depressa a melhor túnica e vesti-lha»

Muitos são os que pela penitência foram dignos do amor que tens pelo homem,
Tu, que justificaste o publicano pelo seu lamento e a pecadora pelo seu pranto (Lc 18,14; 7,50),
E, ao preveres e dares o perdão de acordo com imutáveis desígnios,
Te mostras rico de todas as misericórdias (Ef 2,4). Converte-me também a mim,
Tu que queres que todos os homens sejam salvos! (1Tim 2,4)

A minha alma enodoou-se ao vestir a túnica dos meus erros (Gn 3,21),
Mas Tu me alcançarás a graça de fazer jorrar fontes dos meus olhos,
A fim de que, pela contrição, seja purificada e digna das tuas núpcias (Mt 22,12).
Veste-me com o manto multicolor (Sl 45 [44],15),
Tu que queres que todos os homens sejam salvos!

Tem compaixão de mim, Pai celeste, tal como tiveste pelo filho pródigo,
Porque também eu me lanço aos Teus pés e como ele clamo: «Pai, pequei!»,
E rejubilarão os anjos com a salvação dum filho indigno (Lc 15,7).
Não me rejeites, Deus de bondade, Tu que queres que todos os homens sejam salvos!

Pois foi pela graça que fizeste de mim teu filho e teu herdeiro (Rom 8,17)
E, ao ofender-Te, me vejo cativo, escravo vendido ao pecado e desditoso!
Tem misericórdia da tua própria imagem (Gn 1,26), Salvador meu: resgata-me deste degredo,
Tu que queres que todos os homens sejam salvos!

Tendo chegado ao arrependimento, […] a palavra de Paulo encoraja-me
A não desfalecer na oração e a esperar (Col 4,2), sabendo que, se tardas,
É para me dares a ganhar o salário da perseverança. Sabedor da tua misericórdia
E da tua ânsia em socorrer-me (Lc 15,4), cheio de confiança Te suplico: vem em meu auxílio,
Tu que queres que todos os homens sejam salvos!

Permite que leve uma vida pura, Te celebre e Te preste glória para sempre, Cristo,
Todo-Poderoso, e para que depois Te cante […] um cântico puro (Sl 40 [39],4),
Concede-me que os meus actos correspondam às minhas palavras, único Senhor,
Tu que queres que todos os homens sejam salvos!

São Romano, o Melodioso (?-c. 560)
, compositor de hinos Hino 55

Fonte: Arautos do Evangelho 

quinta-feira, 20 de março de 2014


I. Introdução

Ao seu dileto irmão Gervásio, o Ir. Guigo: o Senhor seja o seu deleite.

Amar-te, irmão, é para mim uma dívida, pois foste tu que, primeiro, começaste a me amar. E sou obrigado a te responder, porque, anterior, tua carta me convida a escrever-te. Proponho-me, assim, a te transmitir certas coisas que pensei sobre o exercício espiritual dos monges, a fim de que possas julgar e corrigir meus pensamentos a propósito de um assunto que tu melhor conheces por experiência, do que eu pela reflexão. É justo que eu te ofereça, em primeira mão, as primícias do meu trabalho. Pois convém que colhas os primeiros frutos da recente plantação que, em louvável furto, subtraíste à servidão do Faraó e à mole servidão, e colocaste no exército em ordem de batalha, enxertando sabiamente na oliveira o ramo habilmente cortado da oliveira selvagem (cf. 81144,2; Ex 13,14; Ct 6,3.9 e Rm 11,17.24).

II. Os quatro degraus

Um dia, ocupado no trabalho manual, comecei a pensar no exercício espiritual do homem. E eis que, de repente, enquanto refletia, se apresentaram a meu espírito quatro degraus espirituais: a leitura, a meditação, a oração, a contemplação.

Esta é a escada dos monges, que os eleva da terra ao céu. Embora dividida em poucos degraus, ela é de imenso e incrível comprimento, com a ponta inferior apoiada na terra, enquanto a superior penetra as nuvens e perscruta os segredos do céu (cf. Gn 28,12).

Estes degraus, assim como são diversos em nome e em número, também se distinguem pela ordem e o valor.

Se alguém examina diligentemente suas propriedades e funções, o que produz cada um deles para nós, e como diferem e se hierarquizam entre si, achará pequeno e fácil por sua utilidade e doçura todo o trabalho e esforço que lhes dedicar.

A leitura é o estudo assíduo das Escrituras, feito com aplicação do espírito.

A meditação é uma ação deliberada da mente, a investigar com a ajuda da própria razão o conhecimento duma verdade oculta.

A oração é uma religiosa aplicação do coração a Deus, para afastar os males ou obter o bem. 

A contemplação é uma certa elevação da alma em Deus, suspensa acima dela mesma, e degustando as alegrias da eterna doçura.

Notada, assim, a descrição dos quatro degraus, resta-nos ver a função de cada um em relação a nós.

III. Qual a função de cada um dos citados degraus

A leitura procura a doçura da vida bem-aventurada, a meditação a encontra, a oração a pede, a contemplação a experimenta.

A leitura, de certo modo, leva à boca o alimento sólido, a meditação o mastiga e tritura, a oração consegue o sabor, a contemplação é a própria doçura que regala e refaz.

A leitura está na casca, a meditação na substância, a oração na petição do desejo, a contemplação no gozo da doçura obtida. Para que se possa ver isto de modo mais expressivo, suponhamos um exemplo entre muitos.

IV. A função da leitura

À leitura, eu escuto: Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus (Mt 5,8).

Eis uma palavra curta, mas cheia de suaves sentidos para o repasto da alma. Ela oferece como que um cacho de uva. A alma, depois de o examinar com cuidado, diz em si mesma: "Pode haver aqui algum bem, voltarei ao meu coração e tentarei, se possível, entender e encontrar esta pureza. Pois é preciosa e desejável tal coisa, cujos possuidores são ditos bem-aventurados, e à qual se promete a visão de Deus, que é a vida eterna, e que é louvada por tantos testemunhos da Sagrada Escritura".

Desejosa de explicar mais plenamente a si mesma esta coisa, começa a mastigar e a triturar essa uva, e a põe no lagar, enquanto excita a razão a procurar o que é e como pode ser adquirida tão preciosa pureza.

V. A função da meditação

Começa, então, diligente meditação. Ela não se detém no exterior, não pára na superfície, apóia o pé mais profundamente, penetra no interior, perscruta cada aspecto.

Considera, atenta, que não se disse: Bem-aventurados os puros de corpo, mas, sim, "os puros de coração". Pois não basta ter as mãos inocentes de más obras, se não estivermos, no espírito, purificados de pensamentos depravados. Isto o profeta confirma por sua autoridade, ao dizer: Quem subirá o monte do Senhor? Ou quem estará de pé no seu santuário? Aquele que for inocente nas mãos e de coração puro (Sl 24,3-4).

Depois ela considera quanto o próprio profeta deseja essa pureza, ao orar: Cria em mim, Ó Deus, um coração puro (Sl 51,12) e ainda: Se olhei a iniqüidade no meu coração, o Senhor não me ouvirá (Sl 66,18).

A meditação pensa em como era o bem-aventurado Jó solícito por essa guarda, pois dizia: Fiz um pacto com os meus olhos para não pensar em nenhuma virgem (Jó 31,1). Eis como se dominava o santo homem . que fechava seus olhos para não ver o que é vão, evitando olhar imprudentemente o que depois desejaria contra a sua vontade.

Depois de ter refletido sobre esses pontos e outros semelhantes no que toca à pureza do coração, a meditação começa a pensar no prêmio:

Como seria glorioso e deleitável ver a face desejada do Senhor, mais bela do que a de todos os homens (Sl 45,3), não mais abjeta e vil (cf. Is 53,2), não mais tendo a aparência com que o revestiu sua mãe, mas envergando a estola da imortalidade, e coroado com o diadema que seu Pai lhe deu no dia da ressurreição e da glória, o dia que o Senhor fez (Sl 118,24).

Ela concebe que nesta visão haverá aquela saciedade esperada pelo profeta, ao dizer: Serei saciado quando aparecer a tua glória (Sl 17,15).

Vês quanto licor emanou daquela pequena uva, quanto fogo nasceu duma centelha, quanto se alargou na bigorna da meditação, este pequeno pedaço de metal: Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus!

Mas, quanto mais poderia alargar-se, se alguém experiente viesse ajudar!

Sinto como "é fundo o poço", mas não passo ainda de um noviço rude, que mal cheguei a tirar poucas gotas.

Inflamada por esses fachos, incitada por tais desejos, a alma começa a pressentir, quebrado o alabastro, a suavidade do ungüento. Não é ainda o gosto, mas é já o cheiro.

Por esse, a alma compreende quão suave seria experimentar essa pureza, cuja meditação a faz saber quanta alegria ela dá. Mas que fará ela?

Ardendo ao desejo de possuí-Ia, não encontra em si como a pode ter.

E quanto mais a procura, mais tem sede.

Enquanto se dá à meditação, sua dor aumenta, porque ainda não sente a doçura que a meditação mostra existir na pureza de coração, mas sem a dar.

Porque não cabe a quem lê nem a quem medita sentir tal doçura, se não recebe do alto (10 19,11) esse dom. Ler e meditar é comum tanto aos bons quanto aos maus, e os próprios filósofos pagãos encontraram, pelo exercício da razão, em que consiste, em suma, o verdadeiro bem.

Mas, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus (Rm 1,21) e, presumindo de suas forças, diziam: Venceremos graças à nossa língua, nossos lábios são nossos (Sl 12,5). Assim, não mereceram receber o que tinham podido ver. Perderam-se em seus pensamentos (Rm 1,21), e a sua sabedoria foi devorada (Sl 107,27)

A sabedoria deles tinha as suas fontes no estudo das ciências humanas, e não no Espírito de sabedoria que é o único a dar a verdadeira sabedoria, isto é, a ciência saborosa que alegra e nutre, com inestimável sabor, a alma que a possui. É dela que foi escrito: A sabedoria não entrará na alma perversa (Sb 1,4).

Esta procede só de Deus. E como o Senhor deu a muitos a missão de batizar, mas guardou só para si o poder e a autoridade de perdoar os pecados pelo batismo, o que levou João a dizer, por antonomásia e de modo preciso: É ele que batiza, assim também podemos dizer: É ele que dá sabor à sabedoria, e faz saborosa a ciência da alma.

A palavra é dada a todos; a sabedoria do espírito, que o Senhor distribui a quem quer e quando quer (cf. 1 Cor 12,11), a poucos é dada.

VI. A função da oração

Vendo, pois, a alma que não pode por si mesma atingir a desejada doçura de conhecimento e da experiência, e que quanto mais se aproxima do fundo do coração (Sl 64,7), tanto mais distante é Deus (cf. Sl 64,8), ela se humilha e se refugia na oração. E diz: Senhor, que não és contemplado senão pelos corações puros, eu procuro, pela leitura e pela meditação, qual é, e como pode ser adquirida a verdadeira doçura do coração, a fim de por ela conhecer-te, ao menos um pouco.

Eu buscava, Senhor, a tua face, a tua face Senhor, eu buscava (cf. Sl 27,8); meditei muito tempo em meu coração, e na minha meditação cresceu um fogo (cf. Sl 39,4) e o desejo de te conhecer ainda mais.

Quando me repartes o pão da Sagrada Escritura, na fração do pão te tomas. conhecido por mim (cf. Lc 24,35). E quanto mais te conheço, tanto mais desejo conhecer-te, não já na casca da leitura, mas no sabor da experiência.

Isto não peço, Senhor, por meus méritos, mas pela tua misericórdia.

Confesso-me indigna pecadora, mas até os cãezinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos (Mt 15,27).

Dá-me, pois, Senhor, o penhor da herança futura, uma gota ao menos da chuva celeste, para arrefecer a minha sede, pois ardo de amor (cf. Ct 2,5).

VII. Efeitos da contemplação

Com essas e outras palavras, a alma inflama o seu desejo, mostra assim o que nela se fez, por encantações invoca o seu Esposo.

E o Senhor, cujos olhos são fixos nos justos e cujos ouvidos estão não só atentos às suas preces (cf. Sl 34, 16), mas presentes nelas, não espera a prece acabar. Pois, interrompendo o curso da oração, apressa-se a vir à alma que o deseja, banhado de orvalho da doçura celeste, ungido dos perfumes melhores.

Ele recria a alma fatigada, nutre a que tem fome, sacia a sua aridez, lhe faz esquecer tudo o que é terrestre, vivifica-a, mortificando-a por um admirável esquecimento de si mesma, e embriagando-a, sóbria a torna.

Como em certas funções carnais a alma se deixa a tal ponto vencer pela concupiscência, que perde o próprio uso da razão e o homem se toma todo carnal, assim, ao contrário, nessa contemplação superior, os movimentos carnais são de tal modo vencidos e absorvidos pela alma, que a carne não contradiz em nada ao espírito, e o homem se torna quase todo espiritual.

-- Carta de Dom Guigo II, cartuxo, prior da Grande Charteuse (século XII)
Fonte: Tesouros da Igreja católica

quarta-feira, 19 de março de 2014

 «Despertando do sono, José fez como lhe ordenou o anjo do Senhor»




Como foi fiel em humildade, este grande santo [que festejamos]! E tal não se pode dizer com base na sua perfeição pois, apesar de ser quem era, em que pobreza e opróbrio viveu durante toda a sua vida! Pobreza e opróbrio sob os quais escondeu e encobriu as suas grandes virtudes e a sua dignidade. […] Na verdade, não tenho dúvida nenhuma de que os anjos, cheios de admiração, vieram em bando considerar e admirar a sua humildade, quando ele guardava o Menino na oficina onde praticava o seu ofício, para alimentar o Filho e a Mãe que lhe estavam confiados.


Não há dúvida de que São José foi mais valente que David e mais sábio que Salomão [seus antepassados]; no entanto, vendo-o reduzido ao exercício da carpintaria, quem poderia conceber tal coisa sem estar iluminado pela luz celeste, tão bem escondidos ele trazia os dons admiráveis com que Deus o tinha agraciado? Mas tinha de ter muita sabedoria, visto que Deus tinha posto a seu cargo o seu glorioso Filho […], o Príncipe universal do céu e da terra! […] E, apesar de tudo, vedes como ele se rebaixou e humilhou mais do que se poderia dizer ou imaginar […]: foi à sua terra, à sua cidade de Belém, e ali ninguém foi mais rejeitado por todos do que ele. […] Vede como o Anjo o conduz à sua vontade: diz-lhe que tem de ir para o Egito e ele vai; ordena-lhe que regresse e ele regressa. Deus quer que ele se mantenha sempre pobre […], e ele a isso se submete amorosamente, e não apenas durante algum tempo, pois permaneceu pobre toda a sua vida.


São Francisco de Sales (1567-1622)
Bispo de Genebra, Doutor da Igreja
Conversas, nº 19

sábado, 15 de março de 2014

SERÁ POSSÍVEL COMPRAR O CÉU?

Será possível comprar o Céu?

A pergunta pode causar arrepio. É claro que o Céu não se compra com dinheiro. No entanto, ele tem o seu "preço"... Qual a "moeda" que tem valor para Deus? Uma bela história, ocorrida na Alemanha, durante a Idade Média, responde a esta questão.
 

Gertrudes era uma freira mui­to devota de Nossa Senhora. Entre as práticas de piedade mariana que cultivava, encantava-a sobretudo a Ave-Maria ou "Sau­da­ção An­gélica". Certo dia estava re­zan­do em seu quarto, quando este se iluminou comImaculada Conceição - Paróquia de Santo Ulrico, Ortisei (Itália).jpg uma luz mais intensa que a do sol. Era o próprio Jesus que vinha conversar com ela. Apesar da majestade da aparição, Santa Ger­tru­des - pois é dela que falamos - não interrompeu as orações. Notou, com surpresa, que a cada "Ave-Ma­ria" re­citada, Jesus co­locava sobre uma mesa uma linda moeda, de um ouro todo especial, de um brilho não conhecido nesta terra. Após alguns instantes, perguntou ela ao Salvador:

- Senhor, que fazeis?

- Gertrudes, cada Ave-Maria que você reza lhe obtém uma moe­da de ouro para o Céu. Sim, minha filha, esta é a moeda com a qual se compra o Paraíso.

Orvalho celestial e divino

A Ave-Maria é o cântico mais belos que podemos entoar em louvor da Mãe de Deus. Quan­do a rezamos, louvamos Nos­­sa Senhora por ser um precioso ­escrínio, cheio das graças de Deus, de onde se derramam sobre nós; louvamo-La por ser a esco­lhida do Senhor, o que a faz bem-aventurada acima de todas as mu­lhe­res; louvamo-La, ainda, pela mag­nífica encarnação, em seu claus­tro materno e virginal, do próprio Verbo de Deus. Filha dileta do Pai, Mãe admi­rá­vel do Filho, Esposa fidelís­sima do Espírito Santo. Essa é Ma­ria, a cria­tura mais amada, incomparavelmente acima de qual­quer outra, pela Santíssima Trin­dade. 

Assim, as honras pres­tadas à Santíssima Virgem são su­pre­ma­men­te agradáveis a Deus. De ou­tro lado, Nossa Senhora é mãe ca­rinhosa e solícita: sempre que re­zamos a Ave-Maria, Ela nos dá o me­lhor dos seus presentes, que são as graças das quais transborda. Por isso, os santos mais devotos da Mãe de Deus chamavam esta preciosa oração de orvalho celestial e divino. Sabemos que o orvalho da madrugada torna a ter­ra fecunda, dando-lhe a possibilidade de produzir os frutos mais deliciosos. 

A Saudação An­gélica é como um orvalho que pre­para nossas al­mas para praticar as virtudes mais difíceis e mais ma­ravilhosas: a Fé, a Esperança, a Caridade ou Amor de Deus, a Pu­reza. Fecundadas por esse magnífico orvalho, nossas almas tornam-se belas e agra­dá­veis a Deus. 

Além desse precioso fruto, ela nos comunica uma alegria inte­rior, indispensável para en­frentar os dra­mas do nosso mundo tão agitado.

Um grande devoto de Maria disse estas consoladoras pa­la­vras: "Estás aflito? Reza a Maria; Ela converterá tua tristeza em gozo e tuas aflições em con­solo".

Concluamos com o que disse­ram a esse respeito os maiores pre­ga­do­­res da devo­ção a Maria San­tíssi­ma: a Ave-Maria é um ósculo casto e amo­ro­so que se dá em Maria, é apre­sentar-Lhe uma ro­­sa vermelha, é oferecer-Lhe uma pé­rola preciosa, é dar-Lhe uma taça de néctar divino.
Fonte:  Revista Arautos do Evangelho, Março/2002, n. 3, p. 4 à 7

sábado, 8 de março de 2014

MOZART E O MONGE

Mozart, o compositor fecundo e genial, teria trocado toda sua obra pela autoria de uma simples melodia gregoriana
Da capo!" ("voltemos ao início"), diz pacientemente Leopoldo, e os músicos retomam animados os compassos do quarteto de câmara. Nesse instante abre-se a porta e aparece um menino de seus 4 anos, empurrando comdecisão uma cadeira para dentro da sala.
- Menino, que faz você? - pergunta Leopoldo, seu pai.
- Vou tocar junto. - Isto dito, senta-se, com um pequeno mas reluzente violino na mão. O pai manda-o retirar-se, dizendo que ele não tivera ainda nenhuma lição de violino.
- Mas, papai, para tocar a partitura do segundo violino não é preciso ter aprendido - insiste o pequerrucho. Um dos músicos, Schachtner, intercede por ele:
- Ora, Leopoldo, deixe-o tocar a meu lado a partitura do segundo violino. Não nos incomodará.
- Bem, então você pode ficar, mas toque bem baixinho - concorda o pai, não de muito boa vontade...
O pequeno sorri alegremente, e começa a tocar. À medida que avança a música, Schachtner vai tocando cada vez mais baixo, até parar. Para surpresa geral, o menino continua executando a peça sozinho. Leopoldo emociona-se até as lágrimas.
Mas Wolfgang - este era seu nome - deixa todos mais admirados ainda, tocando em seguida a parte difícil do primeiro
violino!
Fato espantoso? Sim, claro, mas, afinal de contas, a cena se passa em Salzburgo, Áustria, no século XVIII, onde a música era tão natural quanto o ar.
Menino-prodígio, grande gênio musical
E talvez o leitor já tenha descoberto. Trata-se de Wolfgang Amadeus Mozart, der Wunderknabe, o "menino-prodígio", que em tão tenra idade irrompe com seu incrível talento musical em meio ao mundo barroco de Salzburgo.
Pouco tempo depois, com "sua peruca e sua espadinha apertada à cintura" - como recordava Goethe - ele deslumbraria toda a Europa. Viena, Paris, Londres, Roma, em todas as partes, platéias entusiasmadas o aclamariam.
Inúmeras são as narrações de fatos que atestam seu portentoso gênio musical.
Menino ainda, Woferl - como era apelidado - ditava para seu pai minuetos espirituosos. Assistia a concertos que duravam horas, e de volta ao lar, os reconstituía de cor ao piano.
Compunha suas óperas - a primeira das quais, intitulada Bastião e Bastiana, aos 13 anos - sinfonias, missas, etc., em brevíssimo tempo e, sem revê-las sequer, as entregava a um copista para serem impressas. Escreveu de improviso a abertura de sua ópera Don Giovanni, vinte minutos antes da estréia, enquanto a orquestra treinava.
Dotado de uma inteligência vivíssima, falava e escrevia corretamente o latim, alemão, francês, italiano e inglês. Vestia-se sempre com pulcritude e elegância, costume conservado desde a infância.
Morreu jovem, com 34 anos, mas deixou uma obra monumental. Ainda não se acabou de inventariar suas composições: mais de 50 sinfonias, 20 óperas, 20 missas para orquestra, coro e solistas, inúmeros concertos.
Suas duas mais famosas óperas povoam os cenários dos grandes teatros: A flauta mágica e Dom Giovanni, cujas partituras melodiosas entusiasmam os ouvintes, mas constituem o terror dos regentes e solistas que têm de haver-se com elas....
Toda sua obra pelo "Dies irae"
Entretanto... este grande compositor, como quiçá outro igual não apareceu, numa bela tarde de inverno, entrou numa igreja pouco conhecida. Contemplando a luz proveniente dos últimos raios de sol filtrados pelos lindos vitrais, deixou-se envolver pelo ambiente
belíssimo hino para uma Missa de finados.Wolfgang ouviu atentamente a música, e terminados os últimos ecos na penumbra da igreja, voltou- se para o seu acompanhante e lhe confidenciou emocionado: "Eu daria toda a minha obra só para ter composto esta melodia".
"Dies irae, dies illa". Quem terá sido o autor dessa sublime música que deixou comovido um compositor de tão grande porte como Mozart?
Ela é atribuída por muitos a Tomas de Celano, biógrafo e discípulo de São Francisco de Assis. Mas o autor pode ter sido também um simples monge anônimo que, no silêncio e no recolhimento de seu mosteiro, se pôs a rezar, a meditar... e a cantar.

Quem inspirou esta melodia foi o Divino Espírito Santo. Ela é fruto da graça de Deus, que Nosso Salvador no alto da Cruz para todos conquistou.
Que dom maravilhoso o gênio musical de Mozart! Mas quão pouca coisa, comparado com uma gota da graça divina! O próprio compositor reconhecia isto implicitamente, com seu comentário.
Bem dizia São Tomás de Aquino, afirmando que uma só gota de graça vale mais do que todo o universo.

"Ave, cheia de graça." Assim foi saudada pelo Arcanjo a Virgem Maria. Peçamos, pois, a Ela, Mãe da Divina Graça, que nos obtenha, não somente uma gota, mas um oceano de graças.
E assim, melodias muito mais belas que as de Mozart povoarão a terra e os anjos nos acompanharão (como o menino- prodígio ao quarteto do pai Leopoldo) no grande concerto que constituirá a era do triunfo do Imaculado Coração de Maria.
Fonte: Revista Arautos do Evangelho, Andreas Meran - Fev/2004, n. 26, p. 32-33.


terça-feira, 4 de março de 2014

Por que só os católicos fazem o sinal da cruz?

Os primeiros cristãos poderiam receber um prémio como publicitários, por terem criado a cruz como "logótipo de identidade corporativa" da Igreja








 


Lembro-me de uma das primeiras perguntas de um antigo catecismo para crianças: "Qual é o sinal do cristão? O sinal do cristão é a cruz".

Todas as instituições, hoje especialmente, têm um logótipo que representa sua imagem corporativa. Eu acho que os primeiros cristãos deveriam receber um prémio como publicitários, por terem criado a cruz como logótipo de identidade corporativa da Igreja: é difícil encontrar uma imagem mais simples e mais "compreensiva", em intensidade e extensão, da visão, missão e valores da Igreja, do que a cruz.
 
Na simples cruz, estão condensados o passado, o presente e o futuro da instituição divina da Igreja, em favor dos homens. Ao mesmo tempo, a cruz representa a caminhada diária do cristão:
 
"Quem quiser ser meu discípulo, tome sua cruz de cada dia e me siga" (cf. Lc 23).
 
Quando o cristão faz o sinal da cruz, ele não está praticando a magia, nem um exorcismo, como pensam alguns protestantes, mas está expressando, com um gesto simples, todo o ideal da sua vida, indicando que quer carregar a cruz de Cristo nesse dia, em sua cabeça, em seus lábios e em seu coração, com toda a sua alma e sua mente e, além disso, realizando um ato de fé na Trindade, pronunciando "Em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo".
 
Por tudo isso, muitas igrejas e lugares cristãos são presididos e coroados com a imagem da cruz ou de Cristo crucificado, querendo representar o momento culminante da história no qual a humanidade foi resgatada por Jesus para Deus Pai.
 
Por tudo isso, ainda não entendo por que muitos protestantes consideram que fazer o sinal da cruz é uma blasfémia...

Fonte: Javier Ordovás - 26.02.2014

 - 
Logo Aleteia

sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Deus cura todas as tuas enfermidades

«Afastando-Se com ele da multidão, Jesus meteu-lhe os dedos nos ouvidos»

«[Deus]cura todas as tuas enfermidades» (Sl 103,3). Não temas, todas as doenças serão curadas. Dirás que são grandes; mas o Médico é maior. Para um Médico todo-poderoso não há doenças incuráveis. Deixa apenas que Ele te trate, não rejeites a sua mão; Ele sabe o que tem a fazer. Não te alegres apenas quando Ele age com suavidade, aceita-O quando corta. Aceita a dor do remédio, pensando na saúde que te vai trazer.

Vede, meus irmãos, tudo o que os homens, nas suas doenças, aguentam para prolongar a vida mais alguns dias. […] Tu, ao menos, não sofrerás por um resultado duvidoso: Aquele que te prometeu a saúde não Se pode enganar. Porque é que os médicos às vezes se enganam? Porque não foram eles que criaram o corpo que tratam. Mas Deus fez o teu corpo, Deus fez a tua alma. Ele sabe recriar o que criou; sabe reformar o que formou. Só tens de te abandonar às suas mãos de médico. […] Suporta, portanto, essas mãos e «bendiz, ó minha alma, o Senhor, e não esqueças nenhum dos seus benefícios. É Ele quem perdoa as tuas culpas e cura todas as tuas enfermidades» (Sl 103,2-3).

Aquele que te concebeu para que nunca estivesses doente, se tivesses querido guardar os seus preceitos, não te curará ? Aquele que fez os anjos e que, ao recriar-te, te fará igual a eles, não te curará? Aquele que fez o céu e a terra, Ele, que te fez à sua imagem, não te curará? (cf Gn 1,26) Curar-te-á mas, para isso, tens de consentir em ser curado. Ele cura de modo perfeito todos os doentes, mas só se eles quiserem. […] A tua saúde é Cristo."

Santo Agostinho (354-430)
Bispo de Hipona (Norte de África), Doutor da Igreja 
Discursos sobre os salmos, Sl 103,5-6