domingo, 22 de setembro de 2013

O ANJO DE FÁTIMA ENSINA A CARIDADE

"COMO OFERECER SACRIFÍCIOS?"

       Visto que o Anjo da Paz já tinha ensinado a oração às crianças, Lúcia contenta-se de lhe perguntar: "Como oferecer sacrifícios?" A resposta do Anjo é curta e profunda: "Fazei de tudo o que podeis em sacrifício, afim de reparar as faltas que ofendem DEUS e afim de implorar a conversão dos pecadores. Fazendo isso, trareis a paz ao vosso país. Eu sou o seu Anjo da Guarda, eu sou o Anjo de Portugal. Sobretudo aceitai os sofrimentos que DEUS vos enviará e suportai-os com resignação."
Neste propósito podemos discernir três dimensões das nossas ações. A primeira intenção de expiação, é a reparação das ofensas feitas a DEUS. Com efeito, o pecado é realmente uma ofensa feita a DEUS. Em fim de conta, por cada pecado grave, a criatura renega DEUS e diviniza seu eu. O sofrimento - escreve Chesterton - é um dom de DEUS àqueles que vivem de ideias (que partem do princípio filosófico pelo qual eles tomam-se por deuses e não cessam de criar mentalmente seu mundo),  porque mesmo um idiota nunca iria criar por si sofrimento. O grande valor pedagógico do sofrimento, é que ele traz de novo o pecador a DEUS: ele reconhece DEUS. Todo valor que permanece depende deste reconhecimento: DEUS é DEUS e nos somos Suas criaturas. Este valor é adquirido ao mais tardar no momento do julgamento particular após a morte de cada ser humano. Quanto ao sofrimento dos danados, ela consiste essencialmente no reconhecimento de ter pela sua própria liberdade perdido DEUS para sempre. A expiação, consiste na superabundância de amor que leva uma alma a reconhecer a soberania de DEUS em oferta de sacrifícios e ao aceitar de boa vontade o sofrimento de forma heróica  implorando DEUS que Ele se digne tocar  nos corações endurecidos dos pobres pecadores. Pelo fato que o pecado é uma oposição contra DEUS, ele é também a causa das guerras. Adam e Eva recusaram obedecer a DEUS, o que provocou o assassínio de Abel pelo seu irmão Caim  A conversão dos pecadores e sua reconciliação com DEUS é portanto o primeiro passo que o conduzirá a reconciliar-se com seus irmãos. Pelas palavras do Anjo fica bem claro que a oração em si só, não é suficiente para trazer a paz. À oração é necessário acrescentar o sacrifício e a expiação, como complemento indispensável da oração afim de permitir a descida da paz no país. Sem sacrifício, a oração fica no estado de oração verbal, feita da ponta dos lábios. Ao contrário, a oblação de nós próprios, da nossa vida, do nosso pão quotidiano, tantos favores que DEUS nos enche, exige que nos viramos para DEUS, do mais profundo do nosso ser. Ao contrário, o fato de se obstinar e de ficar distante de DEUS tem a sua raiz no egoísmo e na cede de possuir por si, de onde provem todos os outros males.

DOIS TIPOS DE SACRIFÍCIOS

O Anjo faz alusão a dois tipos de sacrifícios: os sacrifícios involuntários, porque não foram escolhidos por nós e os sofrimentos que DEUS escolheu por nós e que ELE nos propõe. Todo que somos e fazemos poderia e deveria ser uma oblação que apresentamos a DEUS. A este respeito, poderíamos desenvolver em nós uma sensibilidade para este tipo de valores: estamos na medida de tudo transformar em valor de eternidade, e de nos amontoar assim um "tesouro no céu". Pelo contrário, o que não for oferecido em honra de DEUS, será perdido na eternidade, independentemente do seu valor terrestre, humano ou outro. Ao encorajar as crianças a fazer de tudo um sacrifício, realmente, o Anjo anuncia uma "boa nova", a saber, o sacrifício como tal não é necessariamente doloroso. No céu, haverá três sacrifícios que durarão ao longo da felicidade eterna: o sacrifício de louvor (o início e a plenitude da caridade), o sacrifício da nossa consagração a DEUS (a ligação duradoira e indestrutível do amor), e o sacrifício da ação de graças (pelos dons da unidade do amor). O amor encontra nestes três sacrifícios como lenha  para mais tarde abrasar-se; o amor fortifica-se pelo holocausto, pelos sacrifícios que nos custam um pouco. Portanto não deveríamos negligenciar as muitas pequenas coisas do dia a dia que podemos oferecer a DEUS por amor, ao longo do dia. Podemos enriquecer as pequenas oblações misturando-lhes o valor da expiação. É precisamente por sacrifícios deste género que o Anjo reatou a promessa da paz para o país.

O Anjo mostra bem que é esta oferenda da nossa vontade que ultrapassa todos os outros sacrifícios que poderíamos escolher: com efeito, a oferenda da nossa vontade realiza-se quando acolhemos voluntariamente e que suportamos com paciência todas os sofrimentos que DEUS queira nos propor. A pequena Santa Teresa declara à suas irmãs que a paz reside precisamente nisto: querer verdadeiramente o que DEUS quer.

NOSSA VOCAÇÃO: A VONTADE E A PAZ DE DEUS
Por vezes, certas pessoas ensinaram esta simples oração: "O JESUS, eu quero o que TU queres de mim" As crianças compreendem logo que JESUS as ama e que ELE tem os melhores planos de amor para lhes oferecer  uma vida cheia de felicidade. Motivo pelo qual eles estão tão interessados em saber o que  farão quando forem grandes e eles concentram-se na suas vocações. as suas disponibilidade abre-lhes o coração para compreender o sentido e reconhecer a luz das suas vocações. Por outro lado, este desejo de conhecer a vocação que DEUS lhes reserva, lhes transmite a paz e a força de levar a cruz que DEUS nos reserva no caminho da nossa vida.
    O Anjo distingue dois elementos importantes: ele nos faz, em primeiro, aceitar conscientemente os sofrimentos que DEUS nos envia (algumas almas esquecem isto e deste fato caiem), em seguida devemos suportar os sofrimentos "com resignação". Nossa paciência será tanto maior quanto saibamos aceitar mais conscientemente o sofrimento que DEUS nos envia e se nós estamos perfeitamente convencidos que o sofrimento que nos toca vem de DEUS que nos ama. Desde que o demónio chegou a atirar a alma para baixo, de forma que ela julga tudo visto "de baixo" e que ela acusa os outros de seus próprios falsos passos, é com efeito da sua paciência de amor que se evapora como uma bola de sabão.
IMPOSSIBILIDADE DE SEPARAR O AMOR DO SACRIFÍCIO
A lição do Anjo com respeito À importância do sacrifício teve um impacto espiritual na vida de Lúcia que as descreve suas linhas:
"Suas palavras (do Anjo) foram impressas em nós como uma luz que nos fez reconhecer QUEM é DEUS, quanto ELE nos ama e quanto ELE deseja ser amado de volta. Reconhecemos o valor do sacrifício e quanto ele é agradável aos olhos de DEUS, e como ELE converte pecadores graças aos sacrifícios. A partir desta época, nos começamos a oferecer tudo ao Senhor em sacrifício, em particular o que mais nos custava, nesta época não procurávamos outros sacrifícios e penitencias que aquelas de prostrar-nos em terra durante horas, tomando sem cessar a oração do Anjo."
(ainda a seguir)   
Fonte: Conferencias publicadas na Série das Cartas Circulares na Obra dos Santos Anjos em 1997 e anos seguintes.
Conferencias do  Pe. William Wagner, ORC.
Tradução Própria

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